24 de jul. de 2010

O Dia do Fico – Uma tentativa de entender as entrelinhas.

O dia 23 de Julho de 2010 amanheceu diferente. Depois de quatro anos o torcedor do Fluminense pode curtir a tão almejada liderança do Campeonato Brasileiro de Futebol. Abre aspas: Agora que chegou, tem que ficar!
Mas a diferença não estava só neste detalhe. Sim, porque no turbilhão que o mundo do futebol se envolveu hoje, a liderança do Flu passou a ser um mero fato corriqueiro.
Abri os olhos e me deparei com a minha mãe: controle em punho, dedinhos agitados, passa no 39, pula pro 30, coloca no 40, lê as notícias. Não entendi muito bem aquele movimento. Porém, quando abri definitivamente os olhos ouço a primeira frase do dia: “Muricy está na CBF conversando com o Ricardo Teixeira!”.
Hã? Que? Como assim? Fui dormir estava tudo bem. Ainda dei uma checada nas “fontes”, que nós tricolores sabemos bem quais são. Twitter, Orkut, Fóruns. Tudo tranqüilo. Não interpretei nada de anormal na coletiva depois da vitória diante do Cruzeiro. Como assim o Muricy ia cometer um “assassinato das nossas esperanças” dessa forma? Logo de manhã? Que coisa indigesta!
Nem bem levantei já cuidei de me conectar. Entrei no Twitter e encontrei tricolores já em pânico. Recém tínhamos chegado à liderança do campeonato e já via tricolores rebaixando nosso time para a Segundona. Que pesadelo. Da satisfação com as notícias da vitória ao desamparo da orfandade!
De repente o vaticínio da emissora oficial: Muricy é o novo técnico da seleção!
Não pode ser! Poxa ele não é o cara de palavra? Aquele que não negocia com nenhum clube que ainda tiver técnico no comando? Abandonar o barco?
Entrevista do “Capo” Teixeira – um exclusiva para o pretenso repórter Eric Faria: “Ele era meu nome desde o início. Sobre a comissão técnica, vamos discutir essa semana”. Blá blá blá. Minha mãe senta do meu lado, estupefata: “sua tia acabou de ligar, ta quase chorando. Não acredito que vão fazer isso com a gente”.
A repórter tenta ouvir algumas palavras de Muricy. Ele balbucia: “vou conversar com o Fluminense”. Conversar? Então ele ainda não disse sim. Então ele ainda é nosso. Esperança de volta!
Corta para a ESPN Brasil. No canal 30 estavam as melhores notícias. Lá uma cena que me deixou com uma pulga atrás da orelha: Muricy estende a mão para cumprimentar Il Capo Teixeira que, solenemente, o ignora. Hmmm…estranho mesmo.

Twitter em polvorosa. As notícias sobre uma possível recusa do Fluminense começam a pipocar. Celso Barros está indo para as Laranjeiras – este é o nosso Il Capo. E Capo tricolor é melhor do que os outros!
Do Orkut vem uma noticia: “em 20 minutos, coletiva nas Laranjeiras”. E agora? Será que vamos retomar o bonde da história. O bonde de Oscar Cox, Arnaldo Guinle e tantos outros. Esse bonde estava, então, parado em frente às Laranjeiras. Depois de tantos anos. O bonde estava lá. Vamos entra nele? Vamos tomá-lo?
Horcades, nosso bonachão presidente ou presidente bobalhão, pega o microfone. O Brasil a escutá-lo. Curto e grosso, como nunca havia sido, ele marreta: “Muricy continuará sendo o técnico do Fluminense”. Sai da sala. Deixa o microfone e todas as perguntas para Alcides Antunes, uma figura estranha, e Il Capo Unimed.
Pela primeira vez, em anos, o vice-presidente de Futebol do Clube e o representante do patrocinador falam uma só língua: a Língua do Fluminense. Frases e mais frases são ditas, todas as perguntas dos “jornalistas esportivos” (assim mesmo, entre aspas) são respondidas. Com a fleuma e aquele leve ar de superioridade que nos cabe.
Muricy não gostou do que ouviu. No momento em que tomava cafezinho com Il Capo CBF sentiu que ali, naquele terreno canarinho, o pedaço de chão é para bandido. Sempre quis ser técnico da seleção. MERECE MUITO SER TÉCNICO DA SELEÇÃO. Mas, como bom caipira que é, deixou o seu sexto sentido falar mais alto. Deu de ombros. Falou com o Fluminense: “Sou funcionário de vocês, faço o que quiserem”. Deu carta branca para o clube. Se realmente quisesse. Se realmente sentisse que iria ser o técnico da Seleção Brasileira em 2014, teria aceitado. Teria batido pé. Nós tínhamos plano B. Adilson Batista é o plano B de todo clube brasileiro hoje. Ele não quis, mas teria ido se a diretoria do Tricolor o liberasse.

Só que desta vez, numa sinergia poucas vezes vistas no Reino de Gravatinha, nós pegamos o Bonde! Espero que a gente não o perca nunca mais!

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