17 de out. de 2010

O MODELO DE GESTÃO DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE VÔLEI - Parte 1



(créditos: http://www.cbv.com.br )

Não tem para ninguém. Em 2010 a Seleção Brasileira Masculina de Vôlei se tornou tri-campeã Mundial. A primeira década do século XXI foi dominada pelo Brasil. 2002, 2006 e 2010 – um tri legítimo, feito que até mesmo o futebol brasileiro tentou e não conseguiu.

Comecei a gostar de Vôlei na época dos times do Banespa e da Pirelli. Eram clássicos maravilhosos. Em 1988, nos Jogos Olímpicos de Seul, senti na pele uma derrota. Perdemos na semi-final para os EUA e a disputa do Bronze para a Argentina. Eramos, então, a quarta força Mundial e tinhamos um rival superior aqui na América do Sul. De lá pra cá foram glórias e mais glórias, até a maturidade de vitórias conquistada nesta última década. Isso porque estamos falando da Seleção Masculina. Se formos considerar a equipe feminina de quadra e as duplas do vôlei de praia vira covardia.

Mas por qual motivo o vôlei brasileiro se tornou, com força, o segundo esporte nacional, e modelo de gestão esportiva no Mundo todo?
A resposta: planejamento. Em se tratando do vôlei nada é feito por acaso. Desde as convocações para as equipes infanto, até o repatriamento de atletas para a Superliga que vem por aí, tudo, absolutamente tudo é controlado.

Logísticamente a CBV cuida de todos os quesitos que podem interferir no bom andamento do esporte. Assim, todo o apoio extra-quadra é oferecido sem que para isso precise haver uma interferência na parte técnica do esporte. As comissões técnicas possuem total autonomia para decidir. E são os comandantes máximos de cada seleção aqueles que decidem como será feito o planejamento da seleções de base. Desta forma, se Bernardinho precisa de peças de reposição para alguma posição da equipe principal a ordem desce e rapidamente os técnicos das seleções de base começam a garimpar as necessidades da seleção principal.

Em períodos pré-olímpicos a CBV se preocupa em repatriar o maior número possível de atletas. O controle dos virtuais jogadores olimpicos começa, então, dois anos antes dos Jogos. A divisão dos atletas é feita por uma escala, nos moldes do que ocorre na NBA. Nenhuma equipe pode ultrapassar um determinado número de pontos. Assim, a CBV se preocupa com o equilíbrio e a competitividade do seu produto mais rentável: o campeonato nacional de clubes. Da mesma forma, equipes que não possuem estádios em condições profissionais de jogo ou que não apresentam público compatível com a importância da competição ficam alijadas da Liga Principal e relegadas ao que chamamos de segunda divisão do esporte.

Se comparamos o modelo intervencionista da CBV na liga com aquilo que faz a CBF vemos a enorme diferença de planejamento. Diga-se que o Vôlei não conta sequer com 10% dos praticantes do futebol em todo país, logo, descobrir revelações é um processo penoso ao extremo, mas que tem se revelado muito bem sucedido. Visto que o Brasil ano após ano apresenta novos craques no esporte. Seria impensável para a CBV que partidas da Liga Nacional fossem disputadas em estádios deploráveis como aqueles que a CBF permite a utilização no futebol.

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